Aqui vai mais uma dica literária (para quem não sabe, tenho um blog com minhas leituras do mundo. Se quiser ver é só clicar aqui).
Esse conto, escrito pelo escritor húngaro Dezsö Kosztolányi (dou um prêmio para quem conseguir pronunciar o nome dele) faz parte de um livro chamado O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti, que voltou a ser editado e está disponível nas livrarias. Ainda não tive oportunidade de ler o livro, li apenas o conto título, que meu cunhado me recomendou.
Você pode ouvir uma versão narrada dele no YouTube, clicando no link abaixo.
A história é muito boa e divertida e vou idm crack download contá-la aqui, então se você não gosta de spoilers, pode parar de ler este post.
É sobre um fulano que tem uma compulsão: roubar. Apesar de ser um sujeito muito inteligente, de seus amigos o alertarem sobre a prática e de suas promessas para mudar, em uma ocasião de furto ele acaba sendo preso, o que lhe rende dois anos de xilindró.
Após cumprir sua pena, recorre ao amigo Kornél Esti em busca de uma oportunidade para se reintegrar a sociedade e esse, muito solícito, arruma um trabalho com um editor como tradutor de uma obra de qualidade um pouco duvidosa (me lembrei de meus tempos antigos traduzindo Sabrina).
Quando o editor entra em contato com o solícito amigo dizendo que a tradução é inútil, esse fica sem entender nada. O editor então lhe envia uma cópia da tradução.
Durante a leitura Kornél Esti fica ainda mais confuso, a tradução havia de certa forma “salvado” o romance, deixando-o muito menos sofrível que o original. Porém, ao comparar a tradução e o original, Esti entende a afirmação do editor: uma transação de 1500 libras transformou-se em uma transação de 150 libras, as 36 janelas do original não viraram mais do que 12 na versão húngara, uma condessa que ostentava lindas jóias de família aparece apenas bem vestida. Quando o narrador faz um inventário dos bens subtraídos pelo tradutor encontra um impressionante boletim que inclui 177 anéis de ouro, 181 relógios de bolso e mais de um milhão e meio de libras.
Vale aí a reflexão: qual o limite do trabalho do tradutor? Claro que essa é uma situação absurda, mas quais liberdades podem ser tomadas por um tradutor e quais são barreiras que não podem ser atravessadas? Aliás, aproveito para destacar a brilhante tradução de Ladislao Szabo.
O conto é muito bem escrito e gostoso de ler então para os apreciadores de boa literatura, segue a recomendação!
Até a próxima com mais uma dica para sua biblioteca.