A TRADUÇÃO EM NUREMBERG

Como já compartilhei aqui no site, minha formação é na área de cinema e, logicamente, gosto bastante de filmes. Eis que um belo dia, minha professora da Alumni mandou que estudássemos o Julgamento de Nuremberg e sua relação com a tradução simultânea.

Lembrei rapidinho de um filme que meu pai havia me mostrado anos antes: O Julgamento de Nuremberg, de Stanley Kramer (1961). O filme conta a história de uma série de tribunais militares que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial, onde foram julgados alguns dos principais oficiais da Alemanha Nazista (nesse caso quatro juízes alemães acusados de terem usado seus altos cargos para permitirem e legalizarem as atrocidades cometidas pelos nazistas contra o povo judeu, durante a 2ª Guerra Mundial.)

O julgamento todo duraria muito tempo e sua logística seria muito complexa, não fosse a facilitação que ocorreu por conta da tradução simultânea. Explico aqui: eram quatro línguas principais faladas por testemunhas, advogados, réus, promotores e etc – alemão, inglês, francês e russo. Assim, uma tradução consecutiva seria impensável, pois a duração do julgamento seria alongada demais.

Quem teve que resolver a situação foi o Coronel Leon Dostert, que era intérprete do General Eisenhower. Dostert convocou intérpretes que já faziam tradução consecutiva e outros profissionais com vasto conhecimento linguístico e após meses de treinamento, com a ajuda do equipamento da IBM (que viu na ocasião uma ótima oportunidade de publicidade), foi possível a realização do julgamento, fazendo uso da tradução simultânea mais ou menos como a conhecemos hoje.

Confesso que achei o máximo assistir novamente aquele filme com um olhar diferente, imaginando a labuta e o nervosismo daqueles profissionais que assumiram esse compromisso tão sério e intenso. Os intérpretes trabalhavam em turnos, ora com a tradução simultânea e ora traduzindo documentos que seriam usados durante o julgamento.

É um filme incrível, então para aqueles que estão ou não estão na área, segue a dica! Segue abaixo um pequeno trecho (assistindo não parece tão duro, mas imagine fazer isso pela primeira vez, em um tribunal desse calibre, em uma época que não existia o Google para dar aquela mãozinha? – E aí, você encararia?)

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